Crescer é algo natural e normal, afinal lidamos com crescimento desde que fomos concebidos. No entanto, cada vez que temos que sair de um espaço para continuar o processo natural de crescimento é um verdadeiro parto. Afinal o que nos faz sair de um ambiente confortável e agradável para outro desconhecido onde não sabemos nada? Neste texto, vamos falar sobre a coragem para crescer.
Jornada de Crescimento
Na Jornada do Crescimento, identificamos 4 zonas: Zona de conforto, Zona de Medo, Zona de Aprendizagem e Zona de Superação.
Zona de Conforto
Você, assim como eu, sabe o que é zona de conforto porque já deve ter vivido em uma ou está agora nela. Não se trata de local, ambiente ou situação. Também não se trata de certo ou errado pois a zona de conforto não traz esta discussão. Nem se é o melhor para nós ou não, pois às vezes a zona de conforto é muito ruim para nós mas mesmo assim estamos acomodados nela e não queremos sair. Portanto, se trata de uma mentalidade. Algo conhecido e familiar que não queremos mudar, mesmo que já nos cause prejuízos e a mudança seja altamente necessária.
Não se trata de sempre ter de mudar. De acordo com o perfil comportamental, cada um de nós gosta ou não de mudanças. Perfis como Dominância e Influência gostam e reagem melhor as mudanças. Perfis como Estabilidade e Conformidade não gostam e resistem a mudanças.
Também não é uma questão de não poder se sentir seguro e familiarizado com o que faz e onde está. Se trata de entender o crescimento como algo contínuo e necessário. Se ainda há espaço de crescimento pessoal na zona de conforto, ainda não é o momento de mudança. É possível continuar a crescer com segurança e tranquilidade. Se o crescimento pessoal está estagnado causando insatisfação, reclamação e baixa autovalorização está na hora de seguir e explorar novas opções.
Novas opções não são necessariamente trocar de emprego, mudar de cidade, trocar relacionamentos amorosos. Como falei, trata-se de mentalidade e portanto diz respeito a mudar crenças, atitudes, reações, posturas. É um olhar para o futuro e para dentro.
Zona de Medo
Imagine um bebê que cresceu dentro do útero da mãe e está na hora de nascer. Esse bebê está apertado, precisando de mais espaço. Se ele não nascer, ele morre. Ele chora quando nasce pois sai do útero confortável, ainda que apertado. Tem medo do desconhecido. Tem que aprender a respirar, mamar, defecar, se comunicar, lidar com a luz, etc.
Usando a analogia do parto, pensemos em uma pessoa que percebe que as atitudes passadas já não lhe cabem mais e quer continuar crescer como pessoa. Precisa aprender a lidar com a maturidade, tomada de decisões, atitudes racionais e emocionais, estratégias, autoliderar e a liderança de outros.
Na zona do medo, a percepção da zona de conforto como algo pequeno, já está claro. O desafio agora é ir em direção ao desconhecido. Não sabe como será, não sabe exatamente o que fazer. O erro é algo inevitável. E como uma criança, cai e chora, levanta e cai de novo até aprender.
A coragem é exigida na zona de medo. E coragem não é a ausência de medo e sim a postura firme mesmo diante dos riscos e desafios.
Zona de Aprendizagem
O desconhecido vai sendo explorado através de novas percepções. O medo vai dando lugar a novas formas de pensar e agir. As atitudes vão mudando e se tornando familiares. A intensidade das novidades vão ficando mais espaçadas. Novas habilidades vão sendo adquiridas. O treino e a repetição se tornam constantes e o aprendizado é conquistado.
Já vi muitos coachees chegarem nesta zona de aprendizagem. É o líder que precisava se comunicar de forma mais assertiva com sua equipe, que sai da zona de conforto, enfrenta os seus medos e aprende novas formas de comunicação e liderança. É a gerente que estava totalmente descontrolada, numa zona de conforto insustentável, sem saber como agir e aprende a lidar com estresse e pressão. É o empresário que muda a mentalidade de isolamento e aprende a se aproximar de sua equipe e dar feedbacks de valor.
Zona de Superação
É a expansão real da zona de conforto, onde atinge-se novo patamar de crescimento. O mundo é ampliado e familiar. A sensação de crescimento é perceptível com novas referências e vivências.
Nós aprendemos isso desde cedo como uma criança que aprende a andar, depois a escrever. Navega do ambiente familiar para o escolar. Passa pela adolescência com esportes e formatura. Segue com o primeiro emprego, promoções e comemorações. Namora, casa, tem filhos e cada vez cresce mais e se torna um exemplo a ser seguido.
A curva de aprendizagem
No entanto, nem sempre a jornada de crescimento funciona de forma tão constante e organizada. Geralmente é mais como John Fisher mostra abaixo:
Na jornada de aprendizagem a realidade de nossas emoções formam representações gráficas, oscilando entre positividade e negatividade, erros e acertos, quedas e levantamentos. A ansiedade pode gerar a motivação, porém as dúvidas também podem aparecer. Na dúvida, pode haver o medo, que pode gerar culpa e crise e portanto caminhar para conflitos internos ou externos que paralisam toda a aprendizagem. Ou pode caminhar para a culpa e negação. Ou ainda para a aceitação e vitória.
Enfrentar o crescimento é ter coragem de enfrentar estas fases e seguir em frente. Não porque seja fácil, mas porque o crescimento irá ampliar a zona de conforto e, sejamos sinceros, nascemos para isso.
O legado que deixaremos para os nossos amados é essa coragem de continuar a ampliar as nossas zonas de conforto.
Manuscrito na Parede
O livro Quem Mexeu no meu Queijo, conta a historinha de 4 personagens 2 homenzinhos e 2 ratinhos. Eles, todos os dias, procuravam no labirinto o seu queijo especial. Os ratinhos Sniff e Scurry seguiam seus instintos. E os homenzinhos Hem e Haw seguiam seus cérebros. Um dia o queijo acaba e cada um deles reage diferentemente. Os ratinhos que seguiam o cheiro do queijo logo acharam outros labirintos. Haw e Hem foram surpreendido. Porém, Haw começou a entender e a aceitar a nova situação, buscando soluções. Já Hem sentiu muito medo, buscou culpados, entrou em crise e paralisou. Não saiu em busca de novos labirintos. Ficou cheio de raiva e não superou o medo.
Haw aprendeu muitas lições quando entendeu que a sua zona de conforto havia acabado. Precisou enfrentar o medo, aceitar a nova situação, se adequar e aprender. Haw teve grandes insights e escreveu um manuscrito na parede:
- A mudança ocorre
- Antecipe a mudança
- Monitore a mudança
- Adapte-se rapidamente à mudança
- Mudança
- Aprecie a mudança
- Esteja preparado para mudar rapidamente muitas vezes.
Com coragem, Haw ampliou sua zona de conforto e se desenvolveu.
Reflexão
Como você vivencia sua Jornada de Crescimento?
Em qual zona você está agora?
Como tem vivenciado a Curva de Crescimento?
Você tem coragem de enfrentar os seus medos e apreciar as mudanças que ocorrem?